O setor de Recursos Humanos (RH) passou por transformações significativas nos últimos anos, impulsionado por novos modelos de trabalho, tecnologia e uma visão mais estratégica sobre as pessoas. Este conteúdo é fruto de uma conversa rica e atual com Graziele Maria Piva e Greice Lucca, fundadoras e CEO da Youniq RH, no podcast “Conexões para Crescer”, do oHub, que debateu as principais mudanças, tendências e desafios enfrentados pelo RH nas organizações contemporâneas.
“A maior transformação do RH foi a experiência do colaborador e o fortalecimento de temas como employer brand e People Analytics, com decisões cada vez mais baseadas em dados e fatos”, informa Piva. Essa mudança reflete a necessidade de integrar processos e cultura, garantindo que a gestão de talentos esteja alinhada ao propósito da organização.
Além disso, o RH assumiu um papel mais amplo, tornando-se guardião da saúde mental e da cultura corporativa. A preocupação com o bem-estar emocional dos colaboradores se tornou uma prioridade estratégica. Greice Lucca afirma que o RH precisa, todos os dias, se reinventar para criar ambientes mais inclusivos, diversificados e engajadores, respeitando as individualidades e expectativas de cada geração.
Outro ponto em destaque é o avanço do RH nas tomadas de decisão estratégicas. Hoje, as áreas de gestão de pessoas participam ativamente das definições de metas, indicadores e políticas corporativas. A valorização do capital humano deixou de ser apenas discurso para se tornar um diferencial competitivo para empresas de todos os portes.
Impactos da Pandemia e do Trabalho Híbrido
A pandemia transformou de forma definitiva a relação entre colaboradores e empresas, acelerando a adoção do trabalho remoto e híbrido. “A pandemia nos forçou a entender a questão da confiança. O comando e controle se dissolveram, e agora é preciso acreditar no que as pessoas entregam, mesmo à distância”, explica Piva. Essa nova realidade exigiu líderes mais preparados para promover o senso de pertencimento e manter a coesão entre equipes dispersas geograficamente.
Lucca complementa que “muitas empresas não tiveram tempo de se preparar para o trabalho remoto, e isso atropelou processos. Hoje, os profissionais demonstram uma preferência pelo home office, o que torna o formato híbrido uma tendência cada vez mais consolidada”. Essa adaptação trouxe novos desafios, como a necessidade de criar políticas claras de comunicação, cultura organizacional e avaliação de desempenho à distância.
Outro impacto foi a explosão dos casos de burnout e problemas relacionados à saúde mental. Empresas que investem em ações estruturadas de bem-estar têm conseguido manter a produtividade e reduzir o turnover. “A saúde mental deixou de ser apenas um benefício e se tornou um tema de urgência estratégica, principalmente após o crescimento de afastamentos relacionados a doenças emocionais”, diz Lucca.
Inteligência Artificial e Digitalização do RH
A digitalização se tornou inevitável para os processos de RH, com destaque para o uso de Inteligência Artificial (IA) e People Analytics. Graziele Piva afirma que a IA veio para agilizar processos e oferecer análises mais rápidas, mas o olhar humano continuará sendo essencial, especialmente em áreas sensíveis como recrutamento e desligamento de colaboradores. Essa abordagem híbrida, que combina tecnologia e empatia, está moldando o futuro da gestão de pessoas.
Greice destaca que a IA ainda é pouco explorada em áreas como previsão de riscos ligados à saúde mental. “A tecnologia ajuda, mas não substitui o fator humano, principalmente quando lidamos com emoções. A maturidade digital das empresas será fundamental para o uso ético dessas ferramentas”, explica. Além disso, ela alerta para o risco de vieses na programação de sistemas, reforçando a importância de compliance e avaliação contínua.
Outras tendências tecnológicas incluem plataformas de experiência do colaborador, chatbots e até realidade aumentada para treinamentos. Quando aplicadas com foco na experiência humana, essas soluções podem transformar a jornada de trabalho, tornando-a mais interativa e eficaz. “A tecnologia deve estar a serviço das pessoas, e não o contrário”, complementa Graziele.
Conclusão
O futuro do RH é marcado por uma combinação de tecnologia, estratégia e humanização. O setor deixa de ser apenas operacional para se tornar protagonista na construção de culturas corporativas mais sólidas, focadas em engajamento e bem-estar. Graziele Piva enfatiza que “o RH se tornou responsável por ouvir e entender de forma ativa às necessidades das pessoas, algo que vai muito além de processos burocráticos”.
A saúde mental, as novas formas de trabalho e a diversidade continuarão sendo pilares centrais para empresas que desejam crescer de forma sustentável. Nesse contexto, o RH se posiciona como mediador entre inovação e cuidado humano, garantindo que avanços tecnológicos não comprometam a essência das relações de trabalho.
Para Greice, o grande desafio é manter a personalização em um cenário cada vez mais automatizado. “A resposta pronta e padronizada não funciona mais. O RH precisa de soluções sob medida, que respeitem as pessoas como indivíduos e não apenas como números”, conclui.
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